Distrito de Viseu

O distrito de Viseu é um distrito português pertencente à tradicional província da Beira Alta. Limita a norte com o distrito do Porto, o distrito de Vila Real e o distrito de Bragança, a leste com o distrito da Guarda, a sul com o distrito de Coimbra e a oeste com o distrito de Aveiro. Tem uma área de 5 007 km² (9° maior distrito português) e uma população residente de 391 215 habitantes (2009). A sede do distrito é a cidade com o mesmo nome.
Viseu é o único caso de um distrito português com um enclave, devido ao encravamento da freguesia de Guilheiro (concelho de Trancoso, distrito da Guarda) entre os concelhos viseenses de Sernancelhe e Penedono.
Originalmente, a reforma administrativa de Mouzinho da Silveira pôs a sede do distrito em Lamego (sendo, por isso, denominado distrito de Lamego), mas a sede foi transferida para Viseu ainda no ano de 1835, com a consequente renomeação do distrito.Para fins estatísticos (NUTS), o distrito divide-se entre a região do Centro e a região do Norte. Os concelhos da região do Centro, são, na sua maioria, pertencentes à sub-região Dão-Lafões (acrescidos de um concelho pertencente ao Distrito da Guarda), havendo ainda, desde 2008, um concelho integrado na sub-região do Baixo Mondego. Os concelhos da Região Norte se dividem pelas sub-regiões do Tâmega e do Douro cuja integração de municípios como Penedono, Moimenta da Beira e Sernancelhe tem gerado controvérsia por se tratarem de municípios sem grande ligação a esta sub-região. A divisão para fins estatísticos tem gerado certas incongruências ao dividir o distrito entre Região Norte e Região Centro, na medida em que todo ele corresponde à tradicional Beira Alta, e por isso defendido por muitos a uniformidade de todo este território compreendido entre a margem norte do rio Mondego e a margem sul do rio Douro. Nomes como Moimenta da Beira, Penela da Beira, Paredes da Beira, Mondim da Beira, entre outras localidades, registam como a Beira cobre toda a margem sul do Rio Douro no norte do Distrito de Viseu.
O distrito é limitado ao norte pelos distritos de Vila Real e Porto, a sul pelo de Coimbra, a este pelo de Aveiro e a oeste pelo da Guarda. É um dos mais montanhosos do país, dele fazendo parte os maciços das serras da Lapa, Leomil, Montemuro, Caramulo e algumas ramificações da Estrelasendo a serra de Montemuro, com 1381 m, a de maior altitude. Nos vales correm os afluentes do Douro - Torto, Távora, Varosa e Paiva -, o Vouga, o Dão e o Mondego, além de várias ribeiras.
Na área do distrito distribuem-se 24 concelhos: Armamar, Castro Daire, Carregal do Sal, Cinfães, Lamego, Mangualde, Moimenta da Beira, Mortágua, Nelas, Oliveira de Frades, Penedono, Penalva do Castelo, Resende, São João da Pesqueira, Santa Comba Dão, São Pedro do Sul, Sátão, Sernancelhe, Tabuaço, Tarouca, Tondela, Vila Nova de Paiva, Viseu e Vouzela.
História e monumentos
A povoação primitiva é antiquíssima e sabe-se que em 572 já tinha bispo. A sua Sé foi restaurada em 1144, após a Reconquista. D. Teresa, mãe de D. Afonso Henriques, concedeu-lhe foral em 1123 e fez da cidade um dos seus locais de residência preferidos.
O seu património monumental e artístico é riquíssimo, a começar pela Sé, um dos mais belos monumentos religiosos do país, apesar da mistura de vários estilos - gótico, manuelino, barroco - em resultado das várias obras de que foi alvo ao longo dos séculos. Admiráveis são também as Igrejas de S. Francisco, dos Terceiros, do Carmo, da Misericórdia e Via-Sacra. O Museu de Grão Vasco, instalado no antigo Paço Episcopal e recheado de obras do artista que lhe deu o nome, é uma das principais galerias de pintura do país. De salientar ainda a Cava de Viriato, tosca fortificação que faz parte da história da Lusitânia, entre tantos outros edifícios da zona histórica testemunhos da antiguidade e importância da cidade.
Tradições, lendas e curiosidades
Em Viseu realiza-se, às terças-feiras, o mercado; de quinze em quinze dias, a feira da Nossa Senhora do Padrão; e de meados de agosto a meados de setembro, a feira de São Mateus - também conhecida por feira franca - onde se expõe artesanato, produtos agropecuários e vinhos. O feriado municipal de Viseu é, aliás, consagrado a São Mateus e comemorado a 21 de setembro.
Na segunda-feira de Pascoela, tem lugar a romaria da Nossa Senhora do Crasto; em setembro a romaria de Santa Eufémia; em agosto festeja-se a Nossa Senhora da Vitória e em janeiro São Sebastião. Refiram-se ainda as festas da Nossa Senhora dos Remédios, em Lamego.
A choupana é uma construção característica de Viseu. Consiste num pequeno edifício de pedra, de forma circular, coberto com materiais vegetais. A sua finalidade é servir de palheiro. Em Penalva do Castelo, encontram-se umas cabanas, também chamadas de cortes ou cibanas. Apresentam uma forma circular, são feitas em pedra, cobertas de colmo, tendo como finalidade recolher o gado e as alfaias agrícolas, servindo até de abrigo para pessoas.
Vildemoinhos é uma povoação próxima de Viseu repleta de antigas tradições, tal como Cavalhadas. Antigamente um cortejo de moleiros com cavaleiros envergando trajes de gala dirigia-se em romaria à capela de São João da Carreira (hoje é um cortejo de carros alegóricos ainda com cavaleiros trajados com as vestes tradicionais dos moleiros e o grupo dos mordomos e dos alferes). No dia 24 de junho, dia de São João, forma-se o cortejo de manhã cedo na povoação, percorrendo depois as ruas da cidade de Viseu, regressando a Vil de Moinhos. O cortejo é formado por cavaleiros, grupo de zés-pereiras, gigantones e vários carros alegóricos.
Na serra de Montemuro os pastores usam uma vestimenta típica, composta por coroça e chapéu de palha. Na serra do Caramulo os camponeses envergam uma capucha de burel tecida com lã de ovelha.
Os serranos mais velhos vestem-se ainda com roupas de burel e por vezes é possível ouvir o aleriar, cantado de monte para monte por pastores, que preservam as lendas de lobisomens e mouras.
O artesanato engloba várias produções: cestos, mantas de farrapos, bordados tradicionais e tapetes, colchas de lã, rendas de bilros, bordados de Tibaldinho, flores de papel, cestaria de verga de castanho, fabrico de coroças, palhoças ou palheiras de junco, cestaria de palha e silva, barros negros e vermelhos, tanoaria, latoaria e artefactos em estanho e ferro forjado.
Economia
O concelho de Viseu produz trigo, milho, centeio, batatas, legumes e frutos. A cultura mais intensa é a da vinha, com a particularidade de produzir vinhos licorosos a norte, vinhos verdes na região de Lafões e vinhos maduros no Dão. A pecuária e a agricultura estão bastante desenvolvidas, e encontram-se também indústrias de madeira, marcenaria, cerâmica, metalomecânica e produtos alimentares.